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A paixão por trás da história

Ensinando e aprendendo poesia 

A criação e o ambiente escolar estiveram entrelaçados desde o inicio para Marcos, que teve o primeiro contato com o cordel na escola, declamando versos em festivais de poesia e literatura. Conta que sempre gostou de ler e escrever, passando a produzir seus cordéis a partir dos 16 anos. Defende causas como a questão dos trabalhadores que reciclam materiais retirados do lixo, além de outras pautas sociais e culturais.

 

A história do professor é a de um escritor que tem o cordel presente em sua vida, e desmitifica a imagem de poetas com traços interioranos, que vivem da agricultura, e passa a vê-los como pessoas que podem escolher onde ou como viver e mesmo assim manter suas raízes, adquirindo um estudo científico sobre o tema.

 

Tendo saído cedo de Morada Nova, Marcos conta que demorou para ter contato com a cultura, mas que uma vez tendo se encantado pelas rimas, foi influenciado até mesmo em sua escolha profissional: “Eu, enquanto professor de língua portuguesa, artes e teatro, posso dizer que teve tudo e mais a ver com a literatura, pois a partir do momento em que eu leio, em que eu detenho a informação, eu começo a desenvolver com os meus alunos projetos literários na sala de aula, e isso é maravilhoso.”

Ponto de partida

Advindas da mistura entre portugueses, negros e índios, a cultura nordestina, dá amostras da mescla que pode ser o Brasil. E por cultura tem-se as artes, os cultos religiosos, as danças, hábitos e a literatura regional, entre tantas outras manifestações dessa região de clima quente, praias famosas e cujo folclore construiu seu próprio vocabulário.

Cenário de vidas secas, documentada em toda a sua dureza de realidade sob a ótica de Sebastião Salgado e onde Virgulino Ferreira ganhou a alcunha de Lampião pelos disparos inquietos de seu rifle.

Um povo que segue com sua inabalável fé até mesmo em seus Santos não canonizados, rezando a Deus que o próximo ano seja de chuva, que a próxima colheita renda frutos e que não se tenha que deixar a terra para se fazer presidente ou rei do baião. 

 

O Vivendo de Cultura pretende mostrar sujeitos cujo sustento e inspiração advém dessa herança e mais dos aspectos regionais do Nordeste Brasileiro, expressos por meio da arte, do artesanato e da encenação como meios de vida.

 

Uma das expressões culturais é a tradição do Cordel, que há muito tempo era utilizado como um meio de comunicação. Os poetas eram quase repórteres da realidade. Segundo o site Estudo Prático, o termo “Cordel” vem da palavra “Cordão” devido ao fato dos folhetos serem expostos em cordões ou barbantes para serem vendidos nas feiras.

 

No brasil, esta cultura iniciou-se na região nordestina e foi se disseminando para outras regiões brasileiras, tendo muitos autores influenciados por sua literatura, como João Cabral de melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

 

Ainda hoje, a cultura popular que captou escritores, poetas e violeiros, segue demonstrando o que há de mais enraizado nas tradições nordestinas e inspirando pessoas. Um exemplo disso é Antônio Marcos Bandeira, nascido em 16/08/1973 na cidade de Morada Nova-Ceará, e que com um extenso currículo acadêmico, tem verdadeira paixão pelo ato de criar.

Formado em Licenciatura em Língua portuguesa, o poeta leciona em escolas públicas de Fortaleza, cidade na qual reside hoje. Também é pós-graduado em gestão e coordenação escolar. Possui mais de 65 cursos em coaching, é ator com os princípios básicos cênicos adquiridos no Teatro José de Alencar e Centro Dragão do Mar de arte e cultura.

 

Marcos também publicou textos nos Estados Unidos e Suíça. Um deles foi ‘Literatura de Cordel: A luta dos catadores de lixo do Jangurussu’.

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Sua maior referência foi o poeta e cordelista Patativa do Assaré, cearense da Serra de Santana, no Cariri. Antônio conta que hoje a produção é o que dá sentido a sua história: “não sei viver sem produzir, sem escrever. O cordel para mim é tudo.” Os temas abordados vão desde os aspectos da cultura regional, suas danças e folclore, como temas atuais da sociedade.

 

O cordelista tem em torno de 70 produções publicadas e recentemente fez parte de uma coletânea de cordéis, intitulada ‘Cordelistas Contemporâneos’, publicada em 1 de junho, em Recife, junto com outros 53 autores brasileiros, num total de 106 cordéis. O professor continua trabalhando com oficinas na escola em que leciona e ressalta como a produção ainda hoje é uma ferramenta cultural e educacional. Além disso, Antônio está trabalhando em um novo livro, um desafio para bienal de 2019.

Confira alguns trechos da nossa entrevista:

Unknown Track - Unknown Artist
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